quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Os Ombros Suportam o Mundo


Os Ombros Suportam o Mundo
Carlos Drummond de Andrade

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
 
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.


Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.


Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
 
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Interpretação do poema: No poema, o eu lírico expressa grande desencanto com o mundo um lugar onde não se diz mais meu “amor”, onde os olhos não choram mais, um lugar com guerras, desentendimentos e fome.
Alguns preferem morrer a suportar essa realidade onde todos tem que ouvir perante uma “ordem”, onde perdemos nossos sentimentos e nossas esperanças, um lugar onde nossos corações ficam secos.

(Alunos: Matheus, Leonardo e Wellington).


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