Bolero de Ravel
A alma
ativa e obcecada
enrola-se infinitamente numa espiral de desejo
e melancolia
Infinita, infinitamente...
As mãos não tocam jamais o aéreo objeto
esquiva ondulação evanescente
Os olhos, magnetizados, escutam
e no círculo ardente nossa vida para sempre está presa
está presa...
Os tambores abafam a morte do Imperador...
enrola-se infinitamente numa espiral de desejo
e melancolia
Infinita, infinitamente...
As mãos não tocam jamais o aéreo objeto
esquiva ondulação evanescente
Os olhos, magnetizados, escutam
e no círculo ardente nossa vida para sempre está presa
está presa...
Os tambores abafam a morte do Imperador...
Carlos Drummond de Andrade
Análise do poema
No poema em análise, Drummond faz referência à obra mais
famosa de Maurice Ravel, sendo notável a intertextualidade principalmente pelo
título, o ritmo inalterável e a melodia uniformemente repetitiva das obras.
O eu lírico descreve subjetivamente a um dos “sentimentos do
Mundo”, os desejos impossíveis existentes em cada ser.
Nos versos do poema, pode-se perceber a angústia pela certeza
da impossibilidade de poder, um dia, alcanças os seus objetivos: “Infinita,
infinitamente... / as mãos não tocam jamais o aéreo objeto”.
Bolero de Ravel é uma obra instrumental que mantém um ritmo
inalterado, remetendo-nos a uma sensação de monotonia. Ao usar essa referência,
o autor demostra o sentimento de descrença em uma melhoria – fato que podermos
considerar relacionado ao contexto histórico que o escritor vivia, uma época de
governo totalitarista e opressor.
(Alunas: Mirelle e Juliene).
Sempre vi como uma marcha, pois é! Há momentos de tristeza, sim. Mas, muito mais de luta! Há pessoas que entendem!
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